terça-feira, setembro 07, 2010

Deixa.


Poema ilustrado por Maria Bonfá.


Deixa.



Deixa eu morrer de te amar

e não desperte o dia de ser comum.

Deixa eu ficar esquecida em teu corpo

e beber de tudo o que me der teu cheiro e gozo.

Muito louca deixa eu lamber tua alma

e respirar teus desejos sacanas.

Deixa eu me sentir viva em tua carne,

o tempo sabe bem o que fazer com a paixão.

E se for pouco deixa a exaustão sorrir

tudo o que há de despudor em minha boca,

minha felicidade começa com o teu prazer.

Molha meus dias...



Eliane Alcântara.

Um comentário:

Mar disse...

Morrer de amar é tema de um conhecido poema de Vinícius de Moraes. Só que você traz as imagens tão vívidas e tão marcantes, que se torna mais próxima de Drummond.
Curiosa a palavra lânguida. Ela possui quatro significados completamente diversos: 1. abatimento; 2. estado doentio; 3. grande ternura e suavidade; 4. sensual. Vamos nos concentrar nesses dois últimos sentidos... Nesse poema, você parece soprar as palavras em nossos ouvidos, com a languidez e a transparência de uma musa provocante.
Por isso, como poema sensual, classificar como perfeito é só atestar o que sentiu.
Está perfeito!
Beijos
Marcelo