quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Sem saída.

(Imagem: Google).


Sem saída.


São momentos perdidos os que me cabem

na travessia contínua em que inflamo-me.

E dos rostos que admiro sobressai o que não vi,

insistente imagem a morder-me pensamentos.


Calo o rio de alegrias, é impossível mantê-lo,

diáfana crença em tudo que foi azul, límpida esperança.

Fresta de imaginação perfura a alma,

outro retalho de impossibilidades – lembranças.


Sobre meu peito desfia-se o colar das horas

e não tenho sequer o segundo parido no passado.

Segundo sentido, desbotado e sufocado

pelas coisas sem importância onde algo puro foi maior.


Um tom de noite fatigada anuncia o vazio,

recrio-me as tantas e a autêntica não sei escolher.

Estou perdida, amor. Perdida com meus fantasmas e dores

no pântano do nada em que cri o sonho realidade.


Casa-me bem a morte dos sentimentos.


Eliane Alcântara.

3 comentários:

Anônimo disse...

Eliane

Biólogo e Professor, divulgo a causa ambiental/humanística através do Verde Vida.

Peço-lhe desculpas por invadir um espaço tão belo e especial.

Felicidades em sua jornada.

http://www.vervida.blogspot.com

Taddeu Vargas disse...

Olá Eliana! Belo texto! Emotivo, passional, forte, mas cheio de estilo! Parabéns! Ganhasse um leitor!

Mar disse...

Esse poema é uma forma doce, melancólica, de revisão do "resplendor na relva", de Wordsworth. Amei a intensidade de cada verso, todos eles derivados desse título tão intenso.
Talvez seja a saída a morte dos sentimentos, que afinal caem tão bem, mas ele não é saída de gosto. E que fazer, diante do adeus ou um dia apenas com cores?!
Será pior saída a morte dos sentimentos que aceitar migalhas?! Exceto uma perdidamente apaixonada, a resposta adequada seria: jamais! Mas apaixonados só juntam o jamais ao verbo esquecer...
Amei, como tudo que você faz.
Amo esse blog.
Um beijo carinhoso
Lello