(Imagem: Google).
Sem saída.
São momentos perdidos os que me cabem
na travessia contínua em que inflamo-me.
E dos rostos que admiro sobressai o que não vi,
insistente imagem a morder-me pensamentos.
Calo o rio de alegrias, é impossível mantê-lo,
diáfana crença em tudo que foi azul, límpida esperança.
Fresta de imaginação perfura a alma,
outro retalho de impossibilidades – lembranças.
Sobre meu peito desfia-se o colar das horas
e não tenho sequer o segundo parido no passado.
Segundo sentido, desbotado e sufocado
pelas coisas sem importância onde algo puro foi maior.
Um tom de noite fatigada anuncia o vazio,
recrio-me as tantas e a autêntica não sei escolher.
Estou perdida, amor. Perdida com meus fantasmas e dores
no pântano do nada em que cri o sonho realidade.
Casa-me bem a morte dos sentimentos.
Eliane Alcântara.
3 comentários:
Eliane
Biólogo e Professor, divulgo a causa ambiental/humanística através do Verde Vida.
Peço-lhe desculpas por invadir um espaço tão belo e especial.
Felicidades em sua jornada.
http://www.vervida.blogspot.com
Olá Eliana! Belo texto! Emotivo, passional, forte, mas cheio de estilo! Parabéns! Ganhasse um leitor!
Esse poema é uma forma doce, melancólica, de revisão do "resplendor na relva", de Wordsworth. Amei a intensidade de cada verso, todos eles derivados desse título tão intenso.
Talvez seja a saída a morte dos sentimentos, que afinal caem tão bem, mas ele não é saída de gosto. E que fazer, diante do adeus ou um dia apenas com cores?!
Será pior saída a morte dos sentimentos que aceitar migalhas?! Exceto uma perdidamente apaixonada, a resposta adequada seria: jamais! Mas apaixonados só juntam o jamais ao verbo esquecer...
Amei, como tudo que você faz.
Amo esse blog.
Um beijo carinhoso
Lello
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