domingo, abril 24, 2011

Delicatesse.

Delicatesse.

Dona de nenhum perigo construo 
abismos,
navego olhares, mordo palavras, engulo sonhos.
Eu provo da 
loucura folhas de outonos dourados
e mastigo sentenças não 
aprovadas.

Violento sorrisos sem medo de culpas,
se você não gosta não 
chegue perto, eu ardo.
Minha boca tem o antídoto para vontades,
a fina 
poeira de ventanias em olhos irritados.

Na pele uma fogueira enfeita de 
laço corpos,
e peco, peco tanto que já virei perdão
na dança única dos 
delírios
de prender entre as pernas o coração de quem amo.

Fica quem 
vence a fera, alcança a fêmea,
parte quem não chega, aquele que eu não 
espero.
Eu bebo do gozo o prazer de estar parte
do que me faz inteira no 
alheio respirar ofegante.

Escolho o que não sei, observo jogos,
se 
jogo não desperdiço cartas - lanço-me nua.
Mando andar quem não é 
encaixe,
costura exata ao meu querer doce, inocente e feroz.

Eu sou a 
oração do meu verso,
carne da minha letra, sexo da minha voz.
Rouca 
postura no caminho dos destemidos,
enraizados filhos do sol, filtros que 
fabrico.

E de tantas passagens que são passado
eu sou o agora todo o 
tempo e o ontem presente.
No ventre a evolução das estações raceiam,
na 
alma guerreia a menina e a sábia -- mundo.

Dona de mim e do espelho sou 
índia,
sou filha, sou mãe, sou pátria.
Se engasgo o seu passo fique 
longe,
sou indecifrável esfinge aos tolos: sou mulher!

Eliane Alcântara.

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